quarta-feira, 30 de setembro de 2009

10 razões para uma demissão


Luis Leite, Vice-Presidente da Federação Portuguesa de Atletismo responsável pelas selecções nacionais, demitiu-se a 29 de Julho, dias antes da partida para Berlim onde deveria assumir a função de Chefe de Equipa.

Em carta à Revista Atletismo do mês de Setembro, Luís Leite explica as razões da sua demissão, deixamos aqui uma transcrição integral da missiva publicada.



10 RAZÕES PARA UMA DEMISSÃO

…Ou uma terrível sensação de frustração e saturação de alguém que não está nem esteve “agarrado” a funções federativas nem quer voltar a tê-las, mas se envolveu demais, por paixão à modalidade.
Portugal continua um país periférico e inculto, uma partidocracia em que a justiça faliu, tal como a moral e a ética e onde as elites, em regra, tendem para formas mais ou menos subtis de corrupção e facilitismo; rareiam as excepções.
Desportivamente, é o país da bola, rodeado de futebol, de espertalhões e de negociatas por todos os lados.
Nada há a fazer; é escusado continuar a lutar, sobretudo quando a nossa saúde e a carreira profissional estão em risco e se tem a consciência tranquila de que se deu tudo, mesmo tudo, durante sete anos de trabalho intenso e fiel à instituição; quando não se faltou ao serviço ou a reuniões de Direcção uma única vez, mas em que a paciência, finalmente, se esgotou.
Felizmente, há mais vida para além da FPA, embora nas outras áreas da vida profissional as coisas também não estejam fáceis.
Felizmente, ainda há liberdade para dizer o que se pensa e quando se sai de funções, o silêncio sigiloso deixa de ser obrigatório…
Apesar das mais de 200 medalhas conquistadas, sucesso relativo difícil de avaliar comparativamente com outros países de dimensão similar no atletismo, mas evidente na comparação interna com as outras modalidades individuais, fruto do trabalho persistente e quase incógnito de muita gente, analisemos os porquês desta demissão:

RAZÕES CONJUNTURAIS E ESTRUTURAIS EXTERNAS

1)    Incompetência continuada da administração pública desportiva nacional, regional e local, claramente populista e demagógica nas opções políticas, nas promessas e nos procedimentos, com particular gravidade no que respeita à aprovação, financiamento e licenciamento das instalações desportivas com particulares responsabilidades para o legislador, para o IDP e para o QCA/CREN; as pistas com condições satisfatórias para treino e competição são poucas e quase todas muito ventosas; muitas têm relva sintética e/ou não possuem apetrechamento; a maioria das pistas encontra-se muito degradada e sem renovação à vista; vários distritos não têm uma única pista em estado aceitável e apetrechada; a situação agravar-se-á significativamente nos próximos anos;

2)    Incompetência crescente do Comité Olímpico de Portugal, claramente, envelhecido e desactualizado, onde os protagonismos pessoais e as manobras de bastidores prevalecem sobre a lógica do conhecimento e o interesse nacional; o Presidente acumula (pasme-se) com a presidência da Assembleia Plenária (!); em Julho/Agosto de 2009 ainda não havia novos critérios de integração nem financiamento à preparação olímpica (!);

3)    Incompetência e inexistência prática da Confederação do Desporto de Portugal, submetida aos interesses governamentais, sem carácter representativo ou reivindicativo das Federações; uma nulidade;

4)    Importância excessiva e desmesurada da modalidade Futebol na atenção da população em geral, com fortes responsabilidades para os sucessivos governos, os quais, através da comunicação social pública, contribuem, em crescendo, para a intoxicação da população com o mundo do futebol e para o aumento da iliteracia e da clubite alarve; assim se inviabiliza a divulgação das outras modalidades, dificultando intencionalmente a difusão do seu conhecimento;

RAZÕES ESTRUTURAIS INTERNAS

5)    Excessiva centralização de poder na figura do Presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), há demasiado tempo (26 anos) “dono exclusivo” da modalidade, personalidade que se descontrola facilmente e que se considera insubstituível, incapaz de descentralizar, interferindo e desautorizando os raros directores com funções executivas, sendo, na prática, o “único” centro de poder; órgãos sociais eleitos sucessivamente sem necessidade de apresentar programa eleitoral (!), à revelia dos Estatutos; consequente inexistência de estratégia para cada ciclo de quatro anos; incumprimento, desde 1994 (!) da entrega dos galardões FPA, previstos nos estatutos;

6)    Inépcia quase total da Direcção da FPA enquanto órgão, a qual, contrariamente ao disposto implicitamente nos estatutos, não tem carácter deliberativo, limitando-se a reunir para ouvir longos monólogos presidenciais justificativos de decisões entretanto tomadas e relatos circunstanciais de acontecimentos passados; consequente impossibilidade de discussão aberta, objectiva e organizada dos assuntos estratégicos mais relevantes, por elementos supostamente conhecedores (?) da modalidade;

7)    Excesso de amadorismo e absentismo na Direcção da FPA, não compatível com a realidade actual; necessidade de um novo modelo profissionalizado, com um número necessariamente reduzido de membros (4 ou 5), mas com distribuição de pelouros e conhecimento específico da modalidade na respectiva área de intervenção;

8)    Situação financeira sempre dramática da FPA por falta de liquidez, sobretudo no primeiro semestre de cada ano, sem estratégias de solução à vista, dependente a 90% do financiamento público; incapacidade de atrair um forte patrocinador privado; enorme discrepância de valores entre os orçamentos e as contas de exercício aprovados em Assembleia-Geral;

9)    Deficiente gestão, organização e coordenação dos departamentos e recursos humanos intermédios da FPA por falta de directores executivos a tempo inteiro; nítido contraste com a qualidade de vários dos quadros intermédios;

10) Retrocesso ou estagnação no desenvolvimento da maioria das Associações Regionais, as quais apresentam um atletismo de reduzida expressão nacional; basta consultar os resultados dos campeonatos distritais de pista; há mais filiados (benjamins, infantis, veteranos), mas os rankings, em profundidade, estagnam ou pioram ano após ano… A macrocefalia mantém-se.

Por fim, não estão em causa as pessoas em si, com quem, em geral, sempre tive bom relacionamento e estima pessoal, mas sim o sistema, com todas as suas falhas aqui evidenciadas, próprias de um país que, em termos de desenvolvimento, continua na cauda da Europa, sem estratégias ou soluções à vista. 

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Luís Feiteira decide-se pelo Maratona


Terminou a primeira novela da época de transferências, com o principal protagonista, Luís Feiteira, a decidir-se pelo Maratona Clube de Portugal para a época 2009/2010.

Feiteira saiu em litígio com a Conforlimpa ainda antes dos Mundiais de Atletismo, onde foi 10º classificado na Maratona, sendo dado como certo no Maia Atlético Clube, facto que não se veio a confirmar.

O Maia recebe assim como reforços Ricardo Ribas e José Maduro, ambos dispensados pelo Maratona. Para além de Feiteira, deve entrar no clube de Oeiras Rui Teixeira da Núcleo de Atletismo de Joane.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Benfica reforça-se com jovens


O Benfica é o clube que mais se tem reforçado na época de defeso, com o período de transferências a ter início apenas a 1 de Outubro, a formação da Luz já garantiu a contratação de 4 jovens promissores:

Eva Vital – 100 metros barreiras – Ex-Arneirense

Catarina Costa - Heptatlo– Ex-Casa do Benfica de Faro

Tiago Aperta – Lançamento do Dardo - Ex-Sporting Clube de Abrantes

Diogo Ferreira – Salto com Vara - Ex- JOMA
Estão prometidas mais aquisições seguindo a filosofia do projecto de Formação do Benfica.

Outra das grandes novidades do atletismo benfiquista para a época 2009/2010 é o regresso de Yazaldes Nascimento, que depois de uma lesão que já dura à mais de 18 meses, voltou a treinar sem limitações e promete ser um reforço de peso na equipa da Águia.

Com futuro incerto parecem estar António Vital e Silva, Hugo Serra e Paulo Bernardo.

Vital e Silva já fez saber publicamente que deseja rumar a Espanha, o que impedirá a sua inscrição pelo Benfica e Paulo Bernardo deverá terminar a sua carreira. Quanto a Hugo Serra procura ainda um clube para 2010.

Em final de contrato também está Nelson Évora, o Campeão Olímpico de Triplo Salto, não havendo neste momento garantias que continue de águia ao peito.

A influência dos resultados eleitorais no Atletismo

Ontem, o pais foi a votos e o povo português deu a vitória ao Partido Socialista. Como é que os resultados eleitorais influenciam o atletismo?
A vitória do Partido Socialista pode significar a manutenção da politica desportiva que tem vindo a ser seguida no nosso país. Se se vaticinava a suspensão de algumas obras importantes para a modalidade com uma vitória Social Democrata, como o Centro de Alto Rendimento do Jamor, esse vaticínio caí por terra com os resultados eleitorais.
O facto da vitória socialista não ser convincente, pode obrigar o PS a fazer coligações, e é aqui que podem existir alterações, já que coligados, PS e CDS conseguem maioria absoluta, garantindo a estabilidade governativa para os próximos 4 anos.
A principal curiosidade do período pós-eleitoral, será saber se Laurentino Dias se mantém como Secretario de Estado da Juventude e do Desporto. É conhecida a simpatia que Laurentino Dias tem pela modalidade, já vestiu e continua a vestir a camisola da selecção nacional, faz elogios públicos à modalidade nos mais diversos locais, tem projectos em conjunto com a modalidade, como o recentemente apresentado Programa Nacional da Marcha e da Corrida.
Outras da curiosidades será saber quem será o Presidente do Instituto de Desporto de Portugal, também são conhecidas as divergências entre a Federação de Atletismo e o Luís Sardinha, actual presidente do IDP.
Analisando os vários cenários, o mais vantajoso para a modalidade seria que Laurentino Dias se mantivesse como Secretario de Estado, mantendo o PS, em caso de coligação, a tutela da pasta do Desporto.
As mudanças no Instituto do Desporto são faladas nos bastidores há muito tempo, podendo o PS aproveitar o início de uma nova legislatura para fazer essa alteração, falando-se já em nomes para suceder a Luís Sardinha.
Se numa coligação com o CDS parece claro que o PS deverá manter a pasta do Desporto, o mesmo já não parece tão claro que os socialistas conseguirem um entendimento com os sociais democratas para a formação de um bloco central, o que só deverá acontecer com a saída da actual líder do PSD.
Qualquer que seja o cenário, é cedo para se especular sobre as implicações destas eleições na modalidade, esperaremos pelas eleições autárquicas, também elas importantes para o Atletismo, nomeadamente em Concelhos como Leiria, Pombal, Espinho, Mealhada, Maia, Lisboa e Oeiras, centros importantes no desenvolvimento da modalidade.

domingo, 27 de setembro de 2009

Jessica a caminho do Porto


É a primeira grande transferência da época 2009/2010, Jessica Augusto está a caminho do Futebol Clube do Porto, a notícia é avançada hoje pelo Jornal “A Bola”.

A atleta que na época 2008/2009 não representou qualquer clube, correndo como individual, prepara-se agora para vestir de azul e branco.

A transferência promete ser polémica, colocando a nú as fragilidades do Regulamento de Transferências da Federação Portuguesa de Atletismo, que nesta situação prejudica claramente o Maratona Clube de Portugal, um dos clubes que mais tem investido no atletismo.

No final da época passada, o valor desportivo de Jessica Augusto numa possível transferência para o Futebol Clube do Porto era de 4.375 euros, Jessica acabou por não assinar por nenhum clube, terminando o vínculo contractual com o Maratona e saindo a custo zero.

A concretizar-se a transferência para o Futebol Clube do Porto, o Maratona não tem direito a qualquer verba pela transferência.

Calendário 2010


A Federação Portuguesa de Atletismo já divulgou pelas Associações o calendário de competições para 2010. A principal novidade é o fim do Km Jovem, competição que não aparece calendarizada pela entidade responsável pelo Atletismo. 

Um total de 26 competições para as quais as candidaturas para a organização estão a decorrer.

Janeiro
Taça FPA de Provas Combinadas (9 e 10)
Taça FPA de Saltos (9)
Taça FPA de Velocidade e Barreiras (10)
Campeonato Nacional de Estrada (17)
Campeonato Nacional de Juniores em Pista Coberta (23 e 24)
Campeonato Nacional de Clubes Pista Coberta – Apuramento (30 e 31)

Fevereiro
Triatlo Jovem em Sala (6)
Campeonato Nacional de Sub 23 em Pista Coberta (6 e 7)
Campeonato Nacional de Clubes Pista Coberta – Final (13 e 14)
Campeonato Nacional de Marcha em Estrada (20)
Campeonato de Portugal de Pista Coberta (27 e 28)

Março
Campeonato Nacional de Lançamentos Longos (6)
Campeonato Nacional de Corta-Mato Longo, Juniores e Juvenis (7)
Taça Nacional de Lançamentos Juvenis (7)
Campeonato Nacional de Corta-Mato Curto  e Veteranos(13)

Maio
Taça FPA de Marcha (1)
MegaSprint (7 e 8)
Olímpico Jovem (15 e 16)
Campeonaro de Portugal de Provas Combinadas (22 e 23)
Campeonato Nacional de Clubes – Apuramento (29 e 30)

Junho
Campeonato Nacional de Clubes – Final (12 e 13)
Campeonato Nacional de Juvenis (19 e 20)
Campeonato Nacional de Sub 23 (26 e 27)

Julho
Campeonato Nacional de Juniores (3 e 4)
Campeonato de Portugal de 10000 metros (10)
Campeonatos de Portugal (17 e 18)

sábado, 26 de setembro de 2009

Editorial de Abertura

Super-Atletismo.blogspot.com é um espaço dedicado à informação no Atletismo. Este novo Blog pretende levar até aos nossos leitores as mais diversas informações sobre a modalidade, mantendo sempre o espírito critico e isento relativamente à modalidade.

Numa primeira fase, o Super-Atletismo será apresentado em formato de Blog, estando prevista uma migração para Portal durante o ano de 2010.

O sucesso deste espaço depende da contribuição de todos os agentes da modalidade, estando o Super-Atletismo aberto à participação de todos os interessados.

Fique connosco, siga-nos!

A Administração